O que vim mapear aqui...

Mapeando meus sentidos e rabiscando impressões.

"Porque tu sabes que é de poesia, minha vida secreta..."(De Ariana para Dionísio)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Ano Novo: Esperas o que?



Todo final de ano é assim: listas e listas. Promessas, desejo secretos, metas, sonhos, uma lista que acaba tomando outro rumo.
Minha lista dessa vez é de gratidão.
Esse foi um ano dificil para mim. Muitas perdas, inúmeras mudanças. Mudei de cidade, mudei de casa, mudei de profissão, de vida. Ganhei muitas coisas no meio dos embrulhos que chegavam escritos: "Você perdeu tal coisa..."
Andei me embrulhando também, de frio, de medo, por pura resistência ao novo. E foi quando me desvencilhei dos enlaces da insegurança, que pude viver, realizar, aprender.
Este foi o ano de pessoas em minha jornada. Conheci muita gente bacana, pessoas que me ensinaram um monte de coisas, outras que me ajudaram quando eu estava quase desistindo, outras que me deram colo e afeto. Citar nomes seria um engano, minha memória seletiva e sem critérios sólidos, esqueceria algum nome importante.
Entre os ganhos que sempre me mantiveram de pé e que compuseram o equilibrio que é viver: o ganha e perde de cada escolha, conquistei experiência e consciência na vida espiritual. Entrei em contato com uma das experiencias mais marcantes do lado espiritual que alimento e busco.
Viajei muito também, a passeio e a trabalho. Conheci outras realidades, entrei em contato com culturas diversas, voltei mais forte e consciente do meu agir diante da vida.
Se em alguns momentos, relações ficaram dificeis, pessoas ficaram pesadas...Lembrei da frase de Dom Helder Câmara: "As pessoas te pesam? Não as carregue nos ombros. Leve-as no coração"
Cada perda, trouxe junto um aprendizado de presente. E o sentimento maior é sempre o de gratidão. Entendendo sempre que minha felicidade é uma construção pessoal, sem esquecer de ajudar as pessoas que vão cruzando meu caminho.
E no final, seja do ano, seja do que termina no ciclo natural da vida, a felicidade que tentamos alcançar nas listas futuras, está onde nós estamos. Ou não está em lugar nenhum. O que vem no instante seguinte, só existe no nosso pensamento e vontade.
A Felicidade? "Existe, sim: mas nós não a alcançamos. Porque está sempre onde a pomos, e nunca a pomos onde nós estamos." (Vicente de Carvalho)




Um Ano Novo Presente pra todos nós!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vida correndo...




"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.."

(Guimarães Rosa)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A vida é agora






"acho que a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim e por falar em sexo, quem anda me comendo é o tempo, na verdade faz tempo. Mas eu escondia porque ele me pegava à força e por trás, um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo se você tem que me comer que seja com o meu consentimento e me olhando nos olhos acho que ganhei o tempo de lá pra cá ele tem sido bom comigo dizem até que ando remoçando."


(Viviane Mosé)

domingo, 26 de dezembro de 2010

sábado, 25 de dezembro de 2010

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Luz Negra




"A luz negra de um destino cruel
Ilumina um teatro sem cor
Onde estou representando o papel
De palhaço do amor"
(Nelson Cavaquinho / Amâncio Cardoso)
Vi seu olhar, percebi seus sentidos.
Minha saudade era só minha, você já tem um amor?
E eu cambaleio diante das nossas emoções, tropeço e esbarro nas impressões que não soube maldizer.
Meu tom não é o seu.
Todo aquele mistério corre em céus contrários, como se eu não tivesse sentido esse querer.
Te olhei sem pertubação, com um certo atraso no sentir. Hesitei diante de nós dois, esquivos, sem assunto...
Desvendei os mistérios deste desejo.
Poupei o vexame desse amor nascer tão cedo, desmanchei o que não era meu.
Depois que te enxerguei de verdade, voei mais baixo, te senti de verdade, corri pros meus braços.
Meu lugar é aqui, onde me sinto parte da história e não apenas inventora dela. 
E de todas as coisas que tinha pra lhe dizer, sobrou o que era inútil. 
Apaguei a luz negra, amanhece um novo dia.
Você já me esqueceu? (ver música no post anterior)

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Vem...



Com voz doce, embalando minha saudade, Fernanda Takai canta o meu presente de natal...
...te olhar.

Mas essa espera inútil, rende um novo post.





 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Crimes de um querer





"E se já não sinto teus sinais, 
pode ser da vida acostumar."
(Los Hermanos)


O azul e a imensidão do mar passaram o dia de mãos dadas comigo.
Tropeçei, brevemente, num espaço de lucidez. 
Virei sereia, brinquei de conchinhas, contei grãos de areia.
Expulsei os remorsos, sem proteção contra os vitupérios do meu querer, assimilei a pertubação (depois de ter sonhado com você na noite anterior), engoli meu rubor.
Me vesti de chita e fui me purificar dos crimes do amor.
Minha saudade que tenta recuperar detalhes, imaginou um beijo distraído e um abraço em marcha lenta.
"Difícil é dar o primeiro passo para trás." (Fabricio Carpinejar)
Nas minhas razões de última hora, perco a razão pra justificar o que desejo.
E já não me importo, há uma ponta de conforto no meio dessa estranheza toda.
Vou ter um treco e nada vai acontecer? 
De perna bamba, queixo caído ou sem voz, conseguirei olhar seus sons? Sumir na sua fala, me embrenhar nos seus braços?
Sem o poder de prever, o susto que quero ter é de ternura.
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"Se avexe não
Amanhã pode acontecer tudo
Inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia
Em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade
Nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta
Da sua casa"
(Acioli Neto - A natureza das coisas)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Segue Teu Destino (Pessoa)





Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis, em 1º de julho de 1916.


Em dias de tempestade, meu poeta preferido me salva da mudez que me ensuderce.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Ao nosso som

"Quem és tu que me lês?
És o meu segredo ou sou eu o teu?"
(Clarice Lispector)


Sons e gestos. Silêncio, respiração próxima, olhares desviados.
Sem motivo, a pele esbarra.
Como numa cena improvavel, noto você.
E me percebo em você, em seus gestos. E eu que ando desaparecida das coisas do amor,
finjo que não notei sua doçura, suas palavras quase gaguejantes e vacilantes diante do meu olhar.
Qual operário, finge normalidade como o faz no cotidiano.
Devaneio com as impossibilidades, perco a lucidez por segundos, me imagino te desvendando.
Os tons são fortes, os sons incertos.
Devo ter te inventado, pus adereços e me dei por feliz.
Estava pronto o que precisava pra me agradar, entreter, interessar.
Sem meias verdade, nem mentiras que brincam de dizer o que querem. Só de uma coisa tenho certeza: você é minha alegria mais dançante, meu querer mais sonoro.
Tateio seus sinais.
Finjo desleixo.
Ponho meus desejos no papel, depois os esqueço. Visto flores e saio pra passear.
Sempre escrevi mais quando estava triste ou muito apaixonada, agora, escrevo por pura alegria.
"Feito estar doente de uma folia..."(Chico Buarque)
Sem medo de perder o sentido das coisas aqui dentro, me pergunto: "Minhas palavras, talvez você leia, e meu olhar: Que tecnologia usará pra percebê-lo?"



Ouve-me, ouve o meu silêncio.
O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa.
Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso."
(Clarice Lispector)

O Ganhador



 

"Tudo o que ganhei se desfez no ar como uma metáfora.
Agora só guardo o que perdi:
o vento que soprava na colina,
a neve que caía no aeroporto
e o teu púbis dourado, o teu púbis dourado."

(Lêdo Ivo)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Fome



"Ria de mim, mas estou aqui parada,

bêbada, pateta e ridícula,
só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor.”
(Caio Fernando Abreu)



Outro dia, alguem disse que pra escrever era preciso “apagar o cigarro no peito, diz pra ti o que não gostas de ouvir, diz tudo” (Gabriel de Brito Velho).
Tenho pensado sobre esse fogo no peito, essa cicatriz que confessa. Ando com saudades de mim. Daquelas que doem. Saudades do que sou e do que é verdade apenas para mim. Sem me por no lugar de ninguem, sem os bens valiosos impostos. A vocação do lar não me atrai, apenas o colo do amor. Aquele amor sem maquiagem, sem roupa de festa ou mascara de bom partido. Somente o afeto desmedido, as gargalhadas livres, os abraços apertados, o amor no olhar.
Ando com saudades do que deixei se perder aqui dentro e que anda me matando de fome. Enquanto me vejo passar na vitrine, não reconheço nada do que desejo. Só os passos cambaleantes na direção contrária.
E minha crença nesse intinerário é o que ainda me conduz pro meu mar de ilusões. Sem me importar nem lamentar os ensaios de vida que minha fome alimenta.
Uma hora, toda essa ânsia esfomeada há de seguir outro rumo, muda de direção.
E essa dor que queima sem confissão, deixa uma cicatriz cheia de ensinamentos.

I Prêmio Alagoano de blogs


Depois da tempestade de calor (48º) no sertão, beirando o Velho Chico, chegou a bonança em formato de festa! E lá vou, apresentar o Prêmio Alagoano de Blogs, substituindo meus queridissímos Luciano Santa Brígida e Kamila Brito, de Bélem - PA. Contratados para organizar o prêmio, enquanto viajávamos pelo Alagoas Colaborativo, eles não puderam vir pro dia da festa. Mas ficaram lá, torcendo, dando apoio e esperando o resultado ansiosos. As últimas palavras da Kamila ficaram gravadas: "Vai lá, Ana Paula, fica tranquila, vai dar tudo certo. Se solta, ri, aproveita o momento, anima a galera." Foi no que pensei antes de subir ao palco e pegar o pavoroso microfone.
Felizmente, deu tudo certo. Gaguejei, é fato. Deu branco. Mas a emoção rolou solta. No final, eu já estava brincando com o baterista contratado de última hora: O Blog do dentista, vencedor da noite na categoria dele e como o mais votado pela galera que acessou o site, novo amigo: Daniel Moreyra. Gente bonissíma!
Fiz questão de colocar o titulo desse post como o "I Prêmio..." pois estou certa que faremos muitos. Penso na 10ª edição e imagino os comentários: "Lembra quando fizemos o primeiro? Quanta coisa melhoramos, desde então!"
E para reforçar minha intenção, fizemos grandes aliados, estamos formando novos parceiros. Marques é um deles. Praticamente, o orador da noite. Na próxima edição, vou com o paletó dele, há de me dar sorte.Vou arrasar!
Olha aí os vencedores da noite, em alto estilo:

Tem muito mais informação, pessoas e histórias que gostaria de contar, mas irei fazê-lo aos poucos.
Ainda preciso continuar minhas aulas no wordpress e migrar de vez meu blog pra lá.
O que eu quero mesmo é começar a colocar em prática as novas idéias e os "BloGuerreiros Alagoanos" no ar. Pra gente decolar junto com nossos planos e desejos de escrever uma história diferente pra nosso estado e para todos nós.
Vamos seguir consolidando nosso elo de comunicação na blogosfera e validando nossas intenções!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O futuro é agora


"A depender de mim
Os psicanalistas estão fritos
Eu mesmo é que resolvo os meus conflitos
Com aspirina amor ou com cachaça"
(Zeca Baleiro)


A impressão que eu tenho é que a manchete desse jornal é andrógina.
E eu que já não sei viver sem qualquer coisa que me roube o real, seja lá o que isso for, me perco nas entrelinhas deste querer duvidoso. Na realidade sem poço, me agarro ao presente e faço dele meu melhor momento. 
O Céu é aqui.
Escrevo pra dentro, pra que ninguem leia minhas entrelinhas. Meu mistério, nem eu desvendo com clareza.


"Cansei de ser duro, vou botar minha alma a venda." (Zeca baleiro)


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Ganhando asas

                                                                      Photo By Ana Paula Montenegro



"Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz."
(Clarice Lispector)



Amanheci em paz, com a musicalidade em mim.
Cantarolava pelas ruas: "Acorda Maria Bonita, acorda vem fazer o café..." Na voz de Monique Kessous, cantora carioca que passei a ouvir recentemente.
Entre a vontade de dar o fora e tocar os sonhos pra frente, ainda cambaleio diante do que não me faz bem.
Mas a vontade de realizar as coisas, de focar no que eu decidi fazer da vida a partir de agora é o principal centro das minhas decisões.
Fora isso, rondam a emoção, a sensibilidade, aquele soco no estômago que é a vida. (Parafraseando C.Lispector).
Hoje, lavei uma sequela de tristeza e aflição que andavam rondando. Fui sincera, falei as claras. Abri o jogo, sem jogar. 
Amanha viajo pra terceira etapa deste projeto que estou trabalhando, ganho o mundo e o inesperado.
Quando voltar, quero voltar a pedalar. Arrebatar minha tristeza do corpo ganhando asas sobre o pedal.
Nessa roda sem ciranda, aprendi a cantarolar o que me alegra e a transformar minhas emoções em aprendizado. É fácil. Quase como chupar cana e assobiar ao mesmo tempo.
Eu sou teimosa, chego lá.
Vamos embora que já está raiando um novo dia, uma nova realidade.
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Ana Paula, 24.Nov.2010, 13:46h, hora de arrumar as malas e refazer o caminho da alegria, da descoberta e de andar de mãos dadas com o que não nos espera.

sábado, 20 de novembro de 2010

Onde está a essência das coisas?

                                           Foto: Alagoas Colaborativo




“Sem tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em lugares onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte... Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'. 
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.”

(Rubem Alves)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Encontros da vida

"Se você olha pra mim, se me dá atenção,
eu me derreto suave: neve no vulcão..."
(Chico César)


Nas minhas andanças pela noite de São Paulo, depois de um dia inteiro participando do II Forum Brasileiro de Cultura digital, encontro maravilhada com ele, simpático, gentil, poeta: Chico César.
Ganhei emoção válida pela viagem inteira!
Depois daquela tempestade de desencontros, ganho de presente um dos encontros da vida mais especiais que vivi.
 
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Ana Paula, Novembro de 2010, celebrando o acaso de ser feliz, de vez em quando.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Tá!


"Não há em toda fauna um animal tão bes-
Mas já tem gente vendo que você não pres- 
Não vou dizer seu nome porque me desgas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-"
(Composição de Pedro Luiz e Roberta Sá)

Tá!
Acabou meu pesadelo, agora só comemoro minha paz individual.
Recupero-me da indisposição gástrica, estomacal, intestinal. A verdade é que tinha mesmo muita coisa ruim pra colocar pra fora. As coisas que fui tolerando e acumulando nas ultimas duas semanas.
Agora estou livre. Pra ficar bem, pra decidir meu próximo destino, minhas escolhas.
Depois de tanta grosseria e indelicadeza coletiva, tudo que eu quero é a presença tranquila do amor, dos meus amigos, da minha paz.
E tudo de ruim vá pra bem longe de mim!
E vamos em frente que a vida continua e caminha a passos largos.



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Comemorando minha recuperação física e emocional. Ufa! Acabou. Nem acredito! :)
Em tempo: Posturas babacas e fotográficas bem a parte, os créditos da foto é Paula Montenegro, do seu celular n95, antes dele ganhar o eclipse lunar. Foto tirada em Japaratinga, na primeira etapa desta viagem. Que bem ao contrário da segunda, só meu trouxe excelentes recordações!
Acabooooouuuuuuuuuu!!!!   UUAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Com Alegria


"Nunca funcionou a purificação pelo sofrimento,
eu fiquei mais ressentido. 
A alegria é que me refina." (Carpinejar)



Imagem de Ouro Branco, cidade que mais me encantou pela beleza e pela receptividade das pessoas.
Lá, foram as alegrias que me refinaram.
Tem hora que só confusão, cansa. Ando cansada dessa viagem, sonhando em voltar pra casa e realizar outras coisas. Vontade de me libertar de tudo que não está me fazendo bem. Poder ir almoçar onde e com quem eu quiser, decidir sobre o meu dia sem que isso pareça arbitrariedade.
Essa tal purificação pelo sofrimento anda me consumindo mais do que deveria.
Quero mesmo, é a alegria de viver. 
De volta.





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Ana Paula, 08.nov.2010, as 12:45h de um sol escaldante em Agua Branca, apesar do ventinho que sopra leve.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Meu sertão vira mar...

                                           Rio Ipanema, Batalha - AL.Créditos: Pedro Belasco 



 "Arrisquei muita braçada na esperança de outro mar;
Hoje sou carta marcada;
Hoje sou jogo de azar"
(Chico Buarque)


No meio do sertão tem um rio que vira cachoeira.
E aqui dentro tem um coração silvestre que continua sem prumo.
Depois da agua que inundou meus olhos e minha emoção, olhei pras estrelas a minha procura. 
O que encontrei tem se perguntado o que ando fazendo dos meus sonhos, da vida, dos meus desencantos.
Ando cambaleante nas respostas que preciso da vida.


"A vida é um soco no estômago." (Clarice Lispector)

E é aqui no meio desse mar revolto, que as confusões das pessoas se misturam com as minhas.
Se nossas ideias já não são as mesmas, há de ter algo pra gente aprender no meio disso tudo. Eu só quero poder viver, mergulhar nesse mar, me perder e me achar.
Entender que todo o sentimento de viver é descobrir a cada momento o que nos restaura. Aquilo que devolve agua pro nosso sertão e nos desagua num momento seguinte melhor que o anterior.
O que é que estou fazendo aqui, afinal, se toda essa beleza não servir pra eu aprender algo mais significativo sobre a vida? 
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Ana Paula, 01.Nov.2010, 23:16h. Cansada dos excessos. Quero a plenitude de viver cada instante com consciência dos meus atos, sentimentos e emoções.



Cachoeira no sertão, Povoado de Timbaúba. Batalha - AL Créditos: Pedro Belasco   






 

domingo, 31 de outubro de 2010

Par Perfeito


"E se antes do que eu levares o o'bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço."
(Fernando Pessoa)
Beijas minha saudade, percorre meu corpo em pensamento.
Meu encaixe perfeito é um par. Juntos, somos iguais, sendo dois.
Quando a gente se esbarra, a vida transborda. Falta tempo e sobra intimidade.
Meus braços se enroscam em seu corpo e minhas pernas correm pra dentro da gente.
As mãos tateiam na miragem do nosso querer. O caminho, sabemos de cor. E ele sempre flui leve, fácil e sem culpas. Esbanjamos cumplicidade e enlouquecemos de bem querer.
E o que nos interessa é só aquele momento. Lá fora, se existe vida, desconhecemos.
Nossa voz tem uma música, e ela é a trilha sonora do que nos interessa: um ao outro.
Enquanto viajo, é pra casa que quero voltar.
A casa do meu afeto correspondido, suave, inteiro.

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Ana Paula, 31.Out.2010, 23:18h, curtindo cada momento presente. O da saudades é enorme, mas me mantem viva, de cara pra o que há de mais real em mim. E viva o movimento da vida, ao meu encaixe perfeito, as voltas que a vida dá.



Meu poente

                                             Créditos da foto: Pâmela Guimarães/Alagoas Colaborativo

"O tempo que antecipa o fim
Também desata os nós
Quem sabe soletrar adeus
Sem lágrimas, nenhuma dor"
(Ney Matogrosso)



Quando o sol do meu querer se põe, percebo a diferença que havia no meu desejo.
Já não sei fingir.
O que quero mesmo é afeto desmedido, loucura sem abandono, pertencer sem me perder.
Ando me pondo antes do sol e descobrindo que sou mais eu do que sou você em mim.
As malas sempre estiveram prontas, só me resta ir.

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Ana Paula, 31.Out.2010, 17:15h. Onde finda um mês, fica pra trás também, um querer inoportuno.
afinal, já não sei viver longe de mim. E o que sonho, ainda permeia minhas melhores escolhas. 


sábado, 30 de outubro de 2010

De cara pro ar






"Não me importa saber se é terrível demais;
Quantas guerras terei que vencer por um pouco de paz"
(Chico Buarque)

Depois do silêncio quase constrangendor do Rio Tatuamunha, onde estive visitando o Projeto Peixe Boi, o lugar mais fantástico que visitei até agora, durante esta expedição colaborativa, foi a vista do alto da Serrinha, em Batalha-AL. 
Minha alma se expôs de emoção diante daquele pôr-do-sol.
Foi naquele instante que entendi como as coisas mais belas e os momentos mais extasiantes que temos a oportunidade de viver não podem ser nossos como desejamos. Não podemos possuir as coisas, nem as pessoas, nem nos agarrar as situações que amamos. Podemos vivê-las. Apenas. 
Derreternos diante da emoção do momento. Elas aparecem encantadoras e desaparecem diante dos nossos olhos e quanto mais tentamos detê-las, mais elas escorrem por entre os dedos. 
Só é preciso sentir. Consumar o momento. O tempo de amar sempre vai ser urgente, porque ele é súbito. 
Fiquei de cara pro ar, pra beleza daquele momento. 
Não agarrei, nem tentei possui-lo. Mas o registrei na memória da minha emoção, através das lentes e no amor que senti naquele instante. Um amor mais sentido que guardado.
E eu, que andava descrentes das emoções da vida, sou resgatada por um pôr-do-sol sereno, silencioso, profundo.
E o mundo inteiro pareceu pequeno diante do amor que me vi pronta pra sentir.
Já chega de digladiar com o amor, essa batalha, eu só quero vencer se puder morrer antes.
Nos braços de um bem querer.


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Ana Paula, 30.Out.2010, 18:46h. Hora de viver cada minuto com a certeza que ele é único.


sábado, 23 de outubro de 2010

Além do que se vê



Indo sem voltar, é o que parece esse caminho que decidi trilhar.
E meu olhar já não aponta direções claras. E nada do que vivo se parece com o real.
Terei  me perdido no meio do caminho?

domingo, 17 de outubro de 2010

O que os olhos sentem.

Fim de tarde em Japaratinga. Créditos: Paula Montenegro.  

"Quem és tu que me lês? És o meu segredo ou sou eu o teu?"
(Clarice Lispector)

Minhas impressões estavam abandonadas. Andava mapeando pouco minhas emoções.
Entreguei meu blog a própria sorte, como se eu mesma pudesse entregar-me a ela.
Há de ter menos azar, quem tem sorte?
Vai saber...
Tem muita dor neste riso todo a minha volta.
E uns ditos populares que nunca farão parte da impressão coletiva deste meu querer.
Sem novos nem velhos amores tortos.
Apenas impressões falsas.
Meus olhos andam lacrimejando menos e sentindo mais.


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17.out.2010, num horário de verão que me deixa invernal.

sábado, 25 de setembro de 2010

Mapeando o colaborar

                                           Crepúsculo no Sitio Alto da Paz.


"Seu maior medo era o destemor que sentia. 
Íntegro, sem mágoas nem carências ou expectativas.
Inteiro, sem memórias nem fantasias." 
(Caio Fernando Abreu)



No mundo cão dos negócios, alguém tem roubado o que você vale?
Há um tempo, venho pagando pelo meu sossego.
Confesso: um valor difícil, porem, justo.
Decidi compartilhar, sem enganos, meu potencial colaborativo.
E percebo, afinal, que o tal processo colaborativo não pode ser uma imposição, um pedido, um acordo camarada, tampouco implorado.
Antes, carece de conquista. 
Só colaboramos quando somos conquistados.
Não há colaboração sem vontade de integrar, doar, pertencer.
E sem entrega, não há como hackear potenciais colaboradores. 
Eles precisam, antes, permitir o acesso. Ganhamos colaboração gratuita, verdadeira, intensa quando atingimos o que não é digital no outro. Mais que colaboradores, viramos parceiros apaixonados por toda a vida.
Eu sou assim: passional, quero me apaixonar,me jogar no abismo, pagar o preço de fazer o que se ama.
Até quando trabalho meu cooperativismo, porque minha participação humana, aquela que não se compra, eu dou por amor, paixão, por entender o sentido de colaborar com todo o processo.
Se bem que, minha colaboração individual é nada. Em vão. 
Ela só tem valor se posso compartilhar, comunicar, ter sintonia.
Não quero autonomia acompanhada de omissão e silêncio.
Quero praticar o colaborativo sincronizada com quem também se diz colaborador. 
Quero vestir o uniforme de um time que se identifica, trabalha junto e passa a bola, com técnica e classe. 
Se quando formos embora de cada cidade, uma semente verdadeira do que é colaborar não for plantada na alma de uma só pessoa que seja, teremos feito nada. 
A conquista faz parte do processo.
Isso não se ensina em oficinas. 
Mostra-se no olhar apaixonado, na cumplicidade do que estamos compartilhando.
Antes de arrumar as malas, vamos auscultar a rota que nosso colaborativismo intimo tomou?
Ou, terei dado um descanso pro meu sossego, em vão. 
Antes, quero me jogar no precipício que é a paixão por algo.
Se bem que, neste caso, precisamos nos jogar juntos.
E que venham as rotas, as intempéries, os sentidos ao contrário, o rumo inesperado.
Nossa rosa dos ventos, há de guiar e bendizer nossa identidade colaborativa.
Vamos nessa?!












  
 
 
 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sem eira, nem beira.

                                            Foto do Rio São Francisco, tirada da balsa, em Penedo-AL


"O mundo me condena
E ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber
Se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome.
"
(Noel Rosa)





Eu já fui "Santos", hoje sou "Montenegro" por herança matrimonial.
Disse ao juiz, na hora do divórcio, que mudaria quando casasse de novo, caso o próximo marido tivesse um sobrenome mais interessante.
Humor negro. Afinal, vivo numa terra onde os sobrenomes valem tanto quanto o status e o poder politico.
O que me enoja.
A clássica e piegas frase de perguntar :"voce sabe com quem está falando?" ainda dita normas num estado nutrido por um coronelismo
que nunca deixou de existir. Eles estão apenas mais polidos, vestem-se melhor, minimizam os vestigios, andam em carros mais pomposos.
Eu não tenho nome, meu sobrenome serve apenas de enfeite e motivo nenhum de ostentação. Aliás, se posso me gabar de algum, o faria com o Ferreira. Herança paternal.
Brinco, dizendo que sou prima de Virgulino(O Lampião), enalteço sua valentia, e no fundo ostento seu destemor como se eu a tivesse herdado pelo parentesco fantasiado.
Mas a verdade é que minha coragem é pouca, e não vem do laço familiar. Vem do medo.
De perder o sentido das coisas, de me perder no meio dessa sociedade que usa o sobrenome e seus meios sórdidos pra sobressair-se. Medo de que minha coragem se perca
ao conversar com meu pessimismo, que sabe que pode mudar pouco esta realidade.
A verdade é que prefiro ser um zé ninguém. Sem eira, sem beira, sem medo de recomeçar a cada vez que cair.
Sem desperdiçar as oportunidades de aprender. De descobrir quem sou, o que faço aqui e como aprendo com as pessoas mais simples, aquelas que não tem sobrenome, mas tem vida dentro de si, tem histórias e essência humana na alma.
Em pleno momento de campanha eleitoral, de malas quase prontas pra viajar, me banho de indignação diante dos sobrenomes que insistem em desfilar diante de mim, da minha vontade de querer escrever outra história pro meu estado, pra esse povo sofrido e ao mesmo tempo, tão rico. Que não precisa de sobrenome, precisa de oportunidade pra mostrar sua força.
E Viva aos santos, silvas, josés, marias, pereiras, ferreiras, que fazem parte de uma riqueza sem sobrenome, mas com iniciais que pretendo deixar gravadas na memória, na emoção, no mapeamento digital do mundo. Na nossa história e na de quem decidir nos acompanhar. Seja qual for seu brasão familiar, diga seu nome, junte-se a nós e vamos mapear alagoas. Colaborar com quem carrega na alma, a herança de uma história valiosa.


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Mapeando minha "ilusão maravilhosa" por uma história diferente.Terei ficado mais hostil após a amizade com o Rambo? Sorte minha, que Mestre dos Magos me ensinou a desaparecer.

Daqui a pouco é dia da Árvore, vamos plantar conhecimento?


domingo, 19 de setembro de 2010

O que se abre aberto




"Sou uma céptica que crê em tudo, 
uma desiludida cheia de ilusões, 
uma revoltada que aceita, sorridente, 
todo o mal da vida,
uma indiferente a transbordar de ternura."

(Florbela Espanca)


Pés sem pontas.
Esvaziando o deserto.
Indo embora para sempre e voltando três dias depois.
A verdade é que tô achando essas letrinhas muito lilazes pro meu gosto já tão lilás.
Já tentei mudar umas 359 vezes, mas ando sem tom e sem cor.
Além do mais, faltei a oficina de blogs, estava aprendendo defesa pessoal com o Mestre do Magos.
Cansei das dicas gentis do Rambo. Estou Zen demais. Zem nada.
E o humor em alta.
Uma hora, o mundo inteiro se ajeita. E o meu também.


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Abrindo uma nova estação: a que co-cria as flores, distribui as sementes e ensina a colher os frutos.
E ainda sai com perfume nas mãos.