O que vim mapear aqui...

Mapeando meus sentidos e rabiscando impressões.

"Porque tu sabes que é de poesia, minha vida secreta..."(De Ariana para Dionísio)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Ano Novo: Esperas o que?



Todo final de ano é assim: listas e listas. Promessas, desejo secretos, metas, sonhos, uma lista que acaba tomando outro rumo.
Minha lista dessa vez é de gratidão.
Esse foi um ano dificil para mim. Muitas perdas, inúmeras mudanças. Mudei de cidade, mudei de casa, mudei de profissão, de vida. Ganhei muitas coisas no meio dos embrulhos que chegavam escritos: "Você perdeu tal coisa..."
Andei me embrulhando também, de frio, de medo, por pura resistência ao novo. E foi quando me desvencilhei dos enlaces da insegurança, que pude viver, realizar, aprender.
Este foi o ano de pessoas em minha jornada. Conheci muita gente bacana, pessoas que me ensinaram um monte de coisas, outras que me ajudaram quando eu estava quase desistindo, outras que me deram colo e afeto. Citar nomes seria um engano, minha memória seletiva e sem critérios sólidos, esqueceria algum nome importante.
Entre os ganhos que sempre me mantiveram de pé e que compuseram o equilibrio que é viver: o ganha e perde de cada escolha, conquistei experiência e consciência na vida espiritual. Entrei em contato com uma das experiencias mais marcantes do lado espiritual que alimento e busco.
Viajei muito também, a passeio e a trabalho. Conheci outras realidades, entrei em contato com culturas diversas, voltei mais forte e consciente do meu agir diante da vida.
Se em alguns momentos, relações ficaram dificeis, pessoas ficaram pesadas...Lembrei da frase de Dom Helder Câmara: "As pessoas te pesam? Não as carregue nos ombros. Leve-as no coração"
Cada perda, trouxe junto um aprendizado de presente. E o sentimento maior é sempre o de gratidão. Entendendo sempre que minha felicidade é uma construção pessoal, sem esquecer de ajudar as pessoas que vão cruzando meu caminho.
E no final, seja do ano, seja do que termina no ciclo natural da vida, a felicidade que tentamos alcançar nas listas futuras, está onde nós estamos. Ou não está em lugar nenhum. O que vem no instante seguinte, só existe no nosso pensamento e vontade.
A Felicidade? "Existe, sim: mas nós não a alcançamos. Porque está sempre onde a pomos, e nunca a pomos onde nós estamos." (Vicente de Carvalho)




Um Ano Novo Presente pra todos nós!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vida correndo...




"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.."

(Guimarães Rosa)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A vida é agora






"acho que a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim e por falar em sexo, quem anda me comendo é o tempo, na verdade faz tempo. Mas eu escondia porque ele me pegava à força e por trás, um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo se você tem que me comer que seja com o meu consentimento e me olhando nos olhos acho que ganhei o tempo de lá pra cá ele tem sido bom comigo dizem até que ando remoçando."


(Viviane Mosé)

domingo, 26 de dezembro de 2010

sábado, 25 de dezembro de 2010

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Luz Negra




"A luz negra de um destino cruel
Ilumina um teatro sem cor
Onde estou representando o papel
De palhaço do amor"
(Nelson Cavaquinho / Amâncio Cardoso)
Vi seu olhar, percebi seus sentidos.
Minha saudade era só minha, você já tem um amor?
E eu cambaleio diante das nossas emoções, tropeço e esbarro nas impressões que não soube maldizer.
Meu tom não é o seu.
Todo aquele mistério corre em céus contrários, como se eu não tivesse sentido esse querer.
Te olhei sem pertubação, com um certo atraso no sentir. Hesitei diante de nós dois, esquivos, sem assunto...
Desvendei os mistérios deste desejo.
Poupei o vexame desse amor nascer tão cedo, desmanchei o que não era meu.
Depois que te enxerguei de verdade, voei mais baixo, te senti de verdade, corri pros meus braços.
Meu lugar é aqui, onde me sinto parte da história e não apenas inventora dela. 
E de todas as coisas que tinha pra lhe dizer, sobrou o que era inútil. 
Apaguei a luz negra, amanhece um novo dia.
Você já me esqueceu? (ver música no post anterior)

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Vem...



Com voz doce, embalando minha saudade, Fernanda Takai canta o meu presente de natal...
...te olhar.

Mas essa espera inútil, rende um novo post.





 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Crimes de um querer





"E se já não sinto teus sinais, 
pode ser da vida acostumar."
(Los Hermanos)


O azul e a imensidão do mar passaram o dia de mãos dadas comigo.
Tropeçei, brevemente, num espaço de lucidez. 
Virei sereia, brinquei de conchinhas, contei grãos de areia.
Expulsei os remorsos, sem proteção contra os vitupérios do meu querer, assimilei a pertubação (depois de ter sonhado com você na noite anterior), engoli meu rubor.
Me vesti de chita e fui me purificar dos crimes do amor.
Minha saudade que tenta recuperar detalhes, imaginou um beijo distraído e um abraço em marcha lenta.
"Difícil é dar o primeiro passo para trás." (Fabricio Carpinejar)
Nas minhas razões de última hora, perco a razão pra justificar o que desejo.
E já não me importo, há uma ponta de conforto no meio dessa estranheza toda.
Vou ter um treco e nada vai acontecer? 
De perna bamba, queixo caído ou sem voz, conseguirei olhar seus sons? Sumir na sua fala, me embrenhar nos seus braços?
Sem o poder de prever, o susto que quero ter é de ternura.
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"Se avexe não
Amanhã pode acontecer tudo
Inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia
Em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade
Nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta
Da sua casa"
(Acioli Neto - A natureza das coisas)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Segue Teu Destino (Pessoa)





Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis, em 1º de julho de 1916.


Em dias de tempestade, meu poeta preferido me salva da mudez que me ensuderce.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Ao nosso som

"Quem és tu que me lês?
És o meu segredo ou sou eu o teu?"
(Clarice Lispector)


Sons e gestos. Silêncio, respiração próxima, olhares desviados.
Sem motivo, a pele esbarra.
Como numa cena improvavel, noto você.
E me percebo em você, em seus gestos. E eu que ando desaparecida das coisas do amor,
finjo que não notei sua doçura, suas palavras quase gaguejantes e vacilantes diante do meu olhar.
Qual operário, finge normalidade como o faz no cotidiano.
Devaneio com as impossibilidades, perco a lucidez por segundos, me imagino te desvendando.
Os tons são fortes, os sons incertos.
Devo ter te inventado, pus adereços e me dei por feliz.
Estava pronto o que precisava pra me agradar, entreter, interessar.
Sem meias verdade, nem mentiras que brincam de dizer o que querem. Só de uma coisa tenho certeza: você é minha alegria mais dançante, meu querer mais sonoro.
Tateio seus sinais.
Finjo desleixo.
Ponho meus desejos no papel, depois os esqueço. Visto flores e saio pra passear.
Sempre escrevi mais quando estava triste ou muito apaixonada, agora, escrevo por pura alegria.
"Feito estar doente de uma folia..."(Chico Buarque)
Sem medo de perder o sentido das coisas aqui dentro, me pergunto: "Minhas palavras, talvez você leia, e meu olhar: Que tecnologia usará pra percebê-lo?"



Ouve-me, ouve o meu silêncio.
O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa.
Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso."
(Clarice Lispector)

O Ganhador



 

"Tudo o que ganhei se desfez no ar como uma metáfora.
Agora só guardo o que perdi:
o vento que soprava na colina,
a neve que caía no aeroporto
e o teu púbis dourado, o teu púbis dourado."

(Lêdo Ivo)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Fome



"Ria de mim, mas estou aqui parada,

bêbada, pateta e ridícula,
só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor.”
(Caio Fernando Abreu)



Outro dia, alguem disse que pra escrever era preciso “apagar o cigarro no peito, diz pra ti o que não gostas de ouvir, diz tudo” (Gabriel de Brito Velho).
Tenho pensado sobre esse fogo no peito, essa cicatriz que confessa. Ando com saudades de mim. Daquelas que doem. Saudades do que sou e do que é verdade apenas para mim. Sem me por no lugar de ninguem, sem os bens valiosos impostos. A vocação do lar não me atrai, apenas o colo do amor. Aquele amor sem maquiagem, sem roupa de festa ou mascara de bom partido. Somente o afeto desmedido, as gargalhadas livres, os abraços apertados, o amor no olhar.
Ando com saudades do que deixei se perder aqui dentro e que anda me matando de fome. Enquanto me vejo passar na vitrine, não reconheço nada do que desejo. Só os passos cambaleantes na direção contrária.
E minha crença nesse intinerário é o que ainda me conduz pro meu mar de ilusões. Sem me importar nem lamentar os ensaios de vida que minha fome alimenta.
Uma hora, toda essa ânsia esfomeada há de seguir outro rumo, muda de direção.
E essa dor que queima sem confissão, deixa uma cicatriz cheia de ensinamentos.

I Prêmio Alagoano de blogs


Depois da tempestade de calor (48º) no sertão, beirando o Velho Chico, chegou a bonança em formato de festa! E lá vou, apresentar o Prêmio Alagoano de Blogs, substituindo meus queridissímos Luciano Santa Brígida e Kamila Brito, de Bélem - PA. Contratados para organizar o prêmio, enquanto viajávamos pelo Alagoas Colaborativo, eles não puderam vir pro dia da festa. Mas ficaram lá, torcendo, dando apoio e esperando o resultado ansiosos. As últimas palavras da Kamila ficaram gravadas: "Vai lá, Ana Paula, fica tranquila, vai dar tudo certo. Se solta, ri, aproveita o momento, anima a galera." Foi no que pensei antes de subir ao palco e pegar o pavoroso microfone.
Felizmente, deu tudo certo. Gaguejei, é fato. Deu branco. Mas a emoção rolou solta. No final, eu já estava brincando com o baterista contratado de última hora: O Blog do dentista, vencedor da noite na categoria dele e como o mais votado pela galera que acessou o site, novo amigo: Daniel Moreyra. Gente bonissíma!
Fiz questão de colocar o titulo desse post como o "I Prêmio..." pois estou certa que faremos muitos. Penso na 10ª edição e imagino os comentários: "Lembra quando fizemos o primeiro? Quanta coisa melhoramos, desde então!"
E para reforçar minha intenção, fizemos grandes aliados, estamos formando novos parceiros. Marques é um deles. Praticamente, o orador da noite. Na próxima edição, vou com o paletó dele, há de me dar sorte.Vou arrasar!
Olha aí os vencedores da noite, em alto estilo:

Tem muito mais informação, pessoas e histórias que gostaria de contar, mas irei fazê-lo aos poucos.
Ainda preciso continuar minhas aulas no wordpress e migrar de vez meu blog pra lá.
O que eu quero mesmo é começar a colocar em prática as novas idéias e os "BloGuerreiros Alagoanos" no ar. Pra gente decolar junto com nossos planos e desejos de escrever uma história diferente pra nosso estado e para todos nós.
Vamos seguir consolidando nosso elo de comunicação na blogosfera e validando nossas intenções!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O futuro é agora


"A depender de mim
Os psicanalistas estão fritos
Eu mesmo é que resolvo os meus conflitos
Com aspirina amor ou com cachaça"
(Zeca Baleiro)


A impressão que eu tenho é que a manchete desse jornal é andrógina.
E eu que já não sei viver sem qualquer coisa que me roube o real, seja lá o que isso for, me perco nas entrelinhas deste querer duvidoso. Na realidade sem poço, me agarro ao presente e faço dele meu melhor momento. 
O Céu é aqui.
Escrevo pra dentro, pra que ninguem leia minhas entrelinhas. Meu mistério, nem eu desvendo com clareza.


"Cansei de ser duro, vou botar minha alma a venda." (Zeca baleiro)