O que vim mapear aqui...

Mapeando meus sentidos e rabiscando impressões.

"Porque tu sabes que é de poesia, minha vida secreta..."(De Ariana para Dionísio)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Fome



"Ria de mim, mas estou aqui parada,

bêbada, pateta e ridícula,
só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor.”
(Caio Fernando Abreu)



Outro dia, alguem disse que pra escrever era preciso “apagar o cigarro no peito, diz pra ti o que não gostas de ouvir, diz tudo” (Gabriel de Brito Velho).
Tenho pensado sobre esse fogo no peito, essa cicatriz que confessa. Ando com saudades de mim. Daquelas que doem. Saudades do que sou e do que é verdade apenas para mim. Sem me por no lugar de ninguem, sem os bens valiosos impostos. A vocação do lar não me atrai, apenas o colo do amor. Aquele amor sem maquiagem, sem roupa de festa ou mascara de bom partido. Somente o afeto desmedido, as gargalhadas livres, os abraços apertados, o amor no olhar.
Ando com saudades do que deixei se perder aqui dentro e que anda me matando de fome. Enquanto me vejo passar na vitrine, não reconheço nada do que desejo. Só os passos cambaleantes na direção contrária.
E minha crença nesse intinerário é o que ainda me conduz pro meu mar de ilusões. Sem me importar nem lamentar os ensaios de vida que minha fome alimenta.
Uma hora, toda essa ânsia esfomeada há de seguir outro rumo, muda de direção.
E essa dor que queima sem confissão, deixa uma cicatriz cheia de ensinamentos.

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