O que vim mapear aqui...

Mapeando meus sentidos e rabiscando impressões.

"Porque tu sabes que é de poesia, minha vida secreta..."(De Ariana para Dionísio)

domingo, 31 de outubro de 2010

Par Perfeito


"E se antes do que eu levares o o'bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço."
(Fernando Pessoa)
Beijas minha saudade, percorre meu corpo em pensamento.
Meu encaixe perfeito é um par. Juntos, somos iguais, sendo dois.
Quando a gente se esbarra, a vida transborda. Falta tempo e sobra intimidade.
Meus braços se enroscam em seu corpo e minhas pernas correm pra dentro da gente.
As mãos tateiam na miragem do nosso querer. O caminho, sabemos de cor. E ele sempre flui leve, fácil e sem culpas. Esbanjamos cumplicidade e enlouquecemos de bem querer.
E o que nos interessa é só aquele momento. Lá fora, se existe vida, desconhecemos.
Nossa voz tem uma música, e ela é a trilha sonora do que nos interessa: um ao outro.
Enquanto viajo, é pra casa que quero voltar.
A casa do meu afeto correspondido, suave, inteiro.

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Ana Paula, 31.Out.2010, 23:18h, curtindo cada momento presente. O da saudades é enorme, mas me mantem viva, de cara pra o que há de mais real em mim. E viva o movimento da vida, ao meu encaixe perfeito, as voltas que a vida dá.



Meu poente

                                             Créditos da foto: Pâmela Guimarães/Alagoas Colaborativo

"O tempo que antecipa o fim
Também desata os nós
Quem sabe soletrar adeus
Sem lágrimas, nenhuma dor"
(Ney Matogrosso)



Quando o sol do meu querer se põe, percebo a diferença que havia no meu desejo.
Já não sei fingir.
O que quero mesmo é afeto desmedido, loucura sem abandono, pertencer sem me perder.
Ando me pondo antes do sol e descobrindo que sou mais eu do que sou você em mim.
As malas sempre estiveram prontas, só me resta ir.

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Ana Paula, 31.Out.2010, 17:15h. Onde finda um mês, fica pra trás também, um querer inoportuno.
afinal, já não sei viver longe de mim. E o que sonho, ainda permeia minhas melhores escolhas. 


sábado, 30 de outubro de 2010

De cara pro ar






"Não me importa saber se é terrível demais;
Quantas guerras terei que vencer por um pouco de paz"
(Chico Buarque)

Depois do silêncio quase constrangendor do Rio Tatuamunha, onde estive visitando o Projeto Peixe Boi, o lugar mais fantástico que visitei até agora, durante esta expedição colaborativa, foi a vista do alto da Serrinha, em Batalha-AL. 
Minha alma se expôs de emoção diante daquele pôr-do-sol.
Foi naquele instante que entendi como as coisas mais belas e os momentos mais extasiantes que temos a oportunidade de viver não podem ser nossos como desejamos. Não podemos possuir as coisas, nem as pessoas, nem nos agarrar as situações que amamos. Podemos vivê-las. Apenas. 
Derreternos diante da emoção do momento. Elas aparecem encantadoras e desaparecem diante dos nossos olhos e quanto mais tentamos detê-las, mais elas escorrem por entre os dedos. 
Só é preciso sentir. Consumar o momento. O tempo de amar sempre vai ser urgente, porque ele é súbito. 
Fiquei de cara pro ar, pra beleza daquele momento. 
Não agarrei, nem tentei possui-lo. Mas o registrei na memória da minha emoção, através das lentes e no amor que senti naquele instante. Um amor mais sentido que guardado.
E eu, que andava descrentes das emoções da vida, sou resgatada por um pôr-do-sol sereno, silencioso, profundo.
E o mundo inteiro pareceu pequeno diante do amor que me vi pronta pra sentir.
Já chega de digladiar com o amor, essa batalha, eu só quero vencer se puder morrer antes.
Nos braços de um bem querer.


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Ana Paula, 30.Out.2010, 18:46h. Hora de viver cada minuto com a certeza que ele é único.


sábado, 23 de outubro de 2010

Além do que se vê



Indo sem voltar, é o que parece esse caminho que decidi trilhar.
E meu olhar já não aponta direções claras. E nada do que vivo se parece com o real.
Terei  me perdido no meio do caminho?

domingo, 17 de outubro de 2010

O que os olhos sentem.

Fim de tarde em Japaratinga. Créditos: Paula Montenegro.  

"Quem és tu que me lês? És o meu segredo ou sou eu o teu?"
(Clarice Lispector)

Minhas impressões estavam abandonadas. Andava mapeando pouco minhas emoções.
Entreguei meu blog a própria sorte, como se eu mesma pudesse entregar-me a ela.
Há de ter menos azar, quem tem sorte?
Vai saber...
Tem muita dor neste riso todo a minha volta.
E uns ditos populares que nunca farão parte da impressão coletiva deste meu querer.
Sem novos nem velhos amores tortos.
Apenas impressões falsas.
Meus olhos andam lacrimejando menos e sentindo mais.


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17.out.2010, num horário de verão que me deixa invernal.